segunda-feira, 1 de junho de 2015

TENSÃO NA ÁSIA: EUA E CHINA TROCAM ACUSAÇÕES POR CONTROLE DO MAR DA CHINA MERIDIONAL

EUA e China trocaram farpas neste fim de semana durante uma cúpula sobre segurança na Ásia, por tensões causadas depois que Pequim começou o trabalho de construção em um recife de coral no Mar do Sul da China, território estratégico reivindicado por vários países.

Os Estados Unidos, assim como países ribeirinhos que disputam a soberania dessas formações de corais localizados em um mar de extrema importância, criticam Pequim por sua agressividade e as operações de infra-estrutura que realizam atualmente, colocando seus vizinhos diante de fatos consumados.

Na conferência celebrada em Singapura, da qual participaram altos funcionários militares, o secretário norte-americano de Defesa, Ashton Carter, acusou no sábado a China de "descumprir as regras e as normas internacionais".

O foco de tensões está atualmente nas ilhas Spratleys, um grande arquipélago coralino do mar da China meridional de cerca de 410.000 quilômetros quadrados.

Estão situadas no cruzamento de rotas marítimas estratégicas para o comércio mundial e poderiam guardar importantes reservas de hidrocarbonetos.

As ilhas - maior tem 1,3 quilômetros de longitude - são reivindicadas, ao todo ou em parte, por China, Vietnã, Filipinas, Brunei, Taiwan e Malásia.

Pequim, que reivindica seus direitos sobre a totalidade do mar da China, leva a cabo grandes operações de preenchimento, transformando os recifes de corais em portos com diferentes infra-estruturas.

Há poucos dias, o exército chinês instou um avião de vigilância P-8 Poseidon da marinha norte-americana a deixar a área que sobrevoava. Mas a tripulação ignorou a ordem.

"Os Estados Unidos voarão, navegarão e operarão onde as leis internacionais permitirem, como as forças norte-americanas fazem em todo o mundo", alertou Ashton Carter.

Carter reconheceu que outros países já haviam instalado postos avançados na zona, em diferentes escalas, como o Vietnã com 48 postos, Filipinas com oito, Malásia com cinco e Taiwan com um.

"No entanto, um país foi longe demais e mais rápido do que o restante: a China", afirmou, instando "uma suspensão imediata e duradoura dos trabalhos de preenchimento por todos os que reivindicam" a soberania do arquipélago.

No domingo, o almirante Sun Jianguo, chefe do estado-maior general adjunto do Exército Popular da Liberação (APL), minimizou as tensões e refutou as acusações norte-americanas.

"O conjunto da situação no mar da China meridional é tranquila e estável. A liberdade de navegação nunca foi um obstáculo", garantiu o militar, durante a reunião anual celebrada em Singapura.

- Ameaça de conflito -
"A China realizou trabalhos em algumas ilhas e recifes no Mar da China do Sul, principalmente para melhorar o funcionamento destas ilhas e recifes e as condições de vida e trabalho da equipe deslocada" para elas, acrescentou.

O almirante Sun repetiu a posição das autoridades comunistas que argumentam que a soberania de Pequim sobre estas zonas é "indiscutível" e se baseia em "argumentos históricos e jurídicos".

Além disso, agregou a China, desempenha um papel positivo em favor da "paz e da estabilidade da região e do mundo".

Estes trabalhos de desenvolvimento permitem à China "garantir suas responsabilidades e obrigações internacionais no campo do resgate marítimo, da prevenção de catástrofes e da ajuda humanitária, a investigação científica marítima, a observação meteorológica, a proteção ao meio ambiente, a segurança da navegação, a pesca e os serviços", detalhou o chinês.

Em entrevista ao Wall Street Journal neste final de semana, o embaixador da China nos Estados Unidos, Cui Tiankai, lamentou a retórica de Washington que, segundo ele, ameaça "desestabilizar" a região.

O ministro malaio da Defesa, Hishammuddin Hussein, teme que este contencioso acabe por provocar "um dos conflitos mais mortíferos de nossos tempos e até mesmo da história", pedindo às partes envolvidas que adotem "um código de conduta", proposta também apoiada pela Casa Branca.

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