sexta-feira, 2 de julho de 2010

Tensão Rússia x Japão: Disputa armada pelas Ilhas Kurilhas? 02.07.2010

 Ilhas Kurilhas da península de Kamchatka é reinvidicado pelo Japão.

A vulcânica península de Kamchatka é a região mais oriental da Rússia. Fortemente militarizada durante a União Soviética, agora a região é um centro de mineração de platina, cobre, ouro e níquel.

O remoto arquipélago das Kurilas, escassamente habitado, se estende desde o nordeste do Japão até a península Kamchatka. O Japão reivindica quatro de suas ilhas. Essa disputa territorial causa tensão nas relações com a Rússia desde a Segunda Guerra Mundial.

INVESTIMENTO PARA EVENTUAL DISPUTA
Segundo a imprensa russa, o vice-ministro russo da defesa, Vladimir Popov, teria afirmado que a aquisição por parte da marinha russa de quatro navios porta-helicópteros da classe Mistral à França, são resultado da continua pressão do Japão para reaver as Ilhas Kurilhas, que foram capturadas pela União Soviética durante a fase final da II guerra mundial, poucos dias antes da rendição do Japão.

DISPUTA COMEÇOU NO SÉCULO XVII
As confrontações entre japoneses e russos continuaram com altos ebaixos para os dois lados. Quando a esquadra russa foi esmagada pelos japoneses em Tsushima em 1905, a posição russa ficou muito fragilizada. A situação de fragilidade dos russos, aumentou depois da derrota frente aos alemães, que levou a uma humilhante rendição da Rússia que resultou posteriormente numa guerra civil. Na altura os japoneses aproveitaram para tomar não só posições nas ilhas Curilhas, como também tomaram parte da ilha Sakalina.

No final da II guerra mundial, a União Soviética aproveitou a total decadência do Japão, para retomar a parte sul da ilha Sakalina e para ocupar as ilhas Curilhas.
Até hoje, embora o Japão não reclame nenhuma parte da ilha Sakalina, continua a reclamar da ocupação russa das ilhas Curilhas, que os japoneses consideram como seu território.
O Japão tem vindo continuamente a reclamar a devolução dos territórios ocupados pelos soviéticos na sequência da II guerra mundial, e a questão tem prejudicado as relações entre os dois países desde os anos 50.

O poder naval do Japão, tem aumentado, chegando ao ponto de a marinha japonesa ser a segunda mais poderosa do Pacífico, logo a seguir à marinha dos Estados Unidos.

RUSSOS PREOCUPADOS COM SITUAÇÃO DE INFERIORIDADE:
As preocupações táticas dos russos na atualidade é a situação da esquadra russa no Pacífico, de tremenda inferioridade – não contando com sistemas de armas nucleares, cuja utilização está fora de questão contra uma potência não-nuclear como o Japão.
Os russos, estão numa situação de pré-colapso, com navios absolutamente ultrapassados e obsoletos, de valor militar mínimo, contra marinhas equipadas com sistemas dos mais modernos, como é o caso das marinhas do Japão e da Coreia do Sul, que possuem navios armados com sistemas de combate super sofisticados, construídos à volta dos radares Spy-1 norte-americanos e dos sistema integrado de combate AEGIS (Foto).

Mesmo a marinha da China, ainda que tecnologicamente menos avançada, possui navios mais modernos e com maior duração de vida, além de, por ser uma potência do Pacífico, poder concentrar num único oceano toda a sua força militar naval, possuindo por isso um numero de navios impressionante.

A comparação da esquadra russa do Pacífico com a esquadra japonesa, demonstra uma distanciação em termos de poder militar e tecnológico, que deixa a Rússia numa situação de debilidade absoluta.
Em termos convencionais, a esquadra russa do Pacífico, é neste momento a quinta classificada, depois da esquadra dos Estados Unidos, do Japão, da China e da Coreia do Sul.

CONFRONTO É IMPROVÁVEL MAS PREOCUPANTE
A possibilidade de qualquer tipo de confrontação entre japoneses e russos não é vista como real, mas os japoneses nunca deixaram de reclamar a devolução das Ilhas Kurilhas, havendo movimentos extremistas japoneses, que ainda que muito minoritários, defendem a reocupação das ilhas.

A situação de decadência da Rússia como potência militar, faz com que o país apareça como um alvo fácil, e em nenhum ramo essa decadência é tão gritante e tão evidente como no campo naval, onde exatamente como depois de 1905, a Rússia é basicamente uma potência de 2ª linha, pouco relevante em termos militares e segura apenas pelo fato de possuir armamentos nucleares, que a Rússia dificilmente poderia utilizar, pois isso teria consequências imprevisíveis.

Os objetivos russos com a aquisição de navios com as características dos porta-helicópteros franceses, poderá permitir à marinha russa o rápido envio de forças de reforço para qualquer daquelas ilhas, em caso de um improvável escalar de tensões entre os dois países.
A marinha japonesa possui oito contra-torpedeiros equipados como o sistema de combate AEGIS, três contra-torpedeiros porta-helicópteros (Fotos), 39 contra-torpedeiros mais pequenos (equivalentes a fragatas na designação europeia), uma força de 17 submarinos convencionais. O Japão lançou também recentemente um porta-helicópteros e tem outro em construção, além de operar três navios de desembarque da classe Osumi, com um deslocamento máximo de 14.000 toneladas cada um.

Os russos possuem um navio cruzador lança-mísseis, um contra-torpedeiro e alguns navios menores.

Só um detalhe: A disputa impediu que os dois países firmassem um tratado de paz desde o final da Segunda Guerra Mundial.

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