Caças e forças terrestres da Turquia realizaram uma ofensiva contra militantes do grupo Estado Islâmico na Síria e acampamentos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão no Iraque ao longo da noite de sábado, numa campanha que Ancara disse ter o objetivo de ajudar a criar uma “zona segura” em faixas do norte sírio.
A Turquia intensificou drasticamente seu papel na coalizão liderada pelos Estados Unidos que combate o Estado Islâmico depois que um homem-bomba, suspeito de integrar o EI, matou 32 pessoas num atentado contra uma cidade perto da fronteira síria. Os turcos têm prometido também lutar contra militantes curdos.
A nova postura turca tem levantado preocupações sobre o futuro do frágil processo de paz curdo. Os críticos, incluindo políticos de oposição na Turquia, acusam o presidente turco, Tayyip Erdogan, de tentar usar a campanha contra o Estado Islâmico como um pretexto para reprimir os curdos.
As operações militares continuarão enquanto a Turquia se sentir ameaçada, disse o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, em uma coletiva de imprensa. O Estado Islâmico assumiu o controle de maior parte das regiões norte e leste da Síria, quatro anos após o início da guerra civil no país.
“Tais operações não são ‘operações pontuais’ e vão continuar enquanto houver ameaças contra a Turquia”, disse ele.
A Turquia foi pela maior parte do tempo uma integrante relutante da coalizão de combate ao Estado Islâmico, posicionamento que irritou Washington, diante da pouca efetividade dos ataque aéreos norte-americanos em “degradar e destruir” as capacidades do EI.
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- Separatistas curdos anunciam fim da trégua com a Turquia
O grupo separatista curdo do ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) cancelou neste sábado a trégua instável que tinha com Ancara desde 2013 e as negociações de paz iniciadas pelo Governo turco em 2012. A guerra civil já dura desde 1984 e fez cerca de 40 mil mortos. “A trégua não tem nenhum significado depois destes ataques aéreos intensos lançados pelo exército turco ocupante”, lê-se num comunicado do PKK.
Como parte da sua guerra “sem distinção” contra rebeldes curdos e combatentes do EI, a Turquia lançou este sábado uma nova intervenção policial em várias zonas do país. Deteve quase mais três centenas de suspeitos jihadistas e membros do PKK, sensivelmente o mesmo número de sexta-feira. Em dois dias, foram detidas 590 pessoas, como disse este sábado Ahmet Davutoglu, primeiro-ministro turco.
Suspeitava-se há meses que Ancara pudesse anunciar a criação de uma zona militarizada no Norte da Síria, que serviria não só para proteger a sua fronteira contra ataques do Estado Islâmico mas também para esmagar as ambições curdas de criarem um estado autónomo nessa região. Segundo o primeiro-ministro turco, estas áreas servirão para alojar os refugiados da guerra síria – a Turquia alberga hoje 1,7 milhões de pessoas fugidas do conflito.
“Quando as zonas no Norte da Sìria estiverem livres da ameaça do EI, formar-se-ão zonas protegidas naturalmente”, disse o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlüt Çavusoglu, este sábado. “Sempre defendemos zonas protegidas e de interdição aérea na Síria”, acrescentou. E concluiu: “As pessoas que estiverem deslocadas podem ser postas nestas zonas protegidas.”
Sexta-feira, o primeiro-ministro turco garantiu que as desta semana continuariam. Horas antes, um comunicado do gabinete de Davutoglu avançava que o Governo está decidido a combater o EI e os curdos “sem distinção”.
Ancara não quer que os curdos beneficiem da ofensiva turca aos jihadistas. “Ancara quer travar as aspirações autonómicas curdas e garantir o seu domínio sobre os grupos armados da oposição na Síria”, sublinha o especialista em questões turcas Ege Seckin, numa análise difundida pelo Instituto de Estudos Geopolíticos IHS.
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