Tem sido uma semana brutal no norte da Nigéria, incluindo um atentado perpetrado por uma adolescente contra uma mesquita e homens abatidos por terem escapado à recruta forçada dos islamitas. A violência marca o início do Ramadã e é já a semana mais mortífera desde a eleição do novo Presidente do país Muhammadu Buhari
Buhari já condenou esta nova leva de mortes "inumanas" e "bárbaras" mas as populações esperam mais do que palavras de solidariedade por parte do Presidente.
Esta sexta-feira pelo menos 29 pessoas foram mortas na aldeia de Mussa cerca das 13h00 (12h00 GMT), onde militantes do Boko Haram entraram e "começaram a disparar contra quem viam", referiu à AFP um responsável local, Sunday Wabba. "Até agora contamos 29 corpos e há muitos feridos", acrescentou.
Um miliciano da aldeia acrescentou que poderão ser descobertas muito mais vítimas entre a vegetação nos arredores da aldeia.
Horas antes, durante a madrugada, pelo menos 11 homens foram arrastados para fora de casa na aldeia de Miringa, no Estado de Borno, e abatidos a tiro pelo Boko Haram, por terem recusado a aderir às unidades militares do grupo.
Tinham antes fugido da aldeia de Gwargware, no Estado vizinho de Yobe, "para se refugiarem na nossa aldeia após o Boko Haram ter tentado recruta-los", afirmaram testemunhas.
Kamikaze de 15 anos
Já quinta-feira uma adolescente se explodiu numa mesquita, fazendo pelo menos 12 mortos e sete feridos na aldeia de Malari, a 35 km de Maiduguri.
"A kamikaze era uma jovem de 15 anos, tinha sido notada pelos fiéis que se preparavam para as orações", referiu o chefe de uma milícia local, Danlami Ajaokuta.
Gajimi Mala, um habitante da aldeia confirmou o relato e acrescentou que, como "não a conheciam na aldeia, quando foi vista perto da mesquita pediram-lhe para se ir embora". A jovem "deixou a mesquita e todos pensaram que se tinha afastado mas no momento em que os fiéis iniciaram as orações ela precipitou-se para dentro do recinto e se explodiu".
Há fortes indícios que algumas das adolescentes usadas pelo Boko Haram como bombistas suicidas fazem parte do grupo de mais de 200 alunas de Chibok raptadas em abril de 2014 e levadas para a floresta de Sambisa.
Uma outra adolescente se explodiu no mesmo dia num posto de controle na mesma estrada de Bomo a Konduga que serve Malari. Morreram pelo menos três pessoas.
Aldeias arrasadas e minadas quarta-feira
Os ataques mais mortíferos sucederam contudo quarta-feira perto do lago Chad, onde militantes do Boko Haram assassinaram pelo menos 145 muçulmanos xiitas que se preparavam para iniciar o jejum do Ramadã.
O primeiro ataque atingiu Kukawa, onde 97 pessoas foram executadas. Homens e os filhos, que rezavam na mesquita e algumas mulheres nas suas casas. Um habitante, que se refugiou em Maiduguri, descreveu à AFP uma aldeia fantasma de ruas juncadas de cadáveres. "Os habitantes que se esconderam nas árvores viram-nos e alertaram-nos quando reentramos na aldeia para enterrar os mortos".
"Há ainda muitos corpos deixados por todo o lado em Kukawa. Tivemos de os abandonar porque não podíamos transporta-los connosco", referiu.
Menos de duas horas depois, a cinquenta km de Kukawa, perto da aldeia de Monguno, 48 outros fiéis reunidos para as orações da noite foram fuzilados e duas aldeias completamente arrasadas.
Desde a ascensão de Buhari ao poder em 29 de maio, já morreram quase 450 pessoas nos ataques islamitas.
Buhari reagiu aos atentados com um apelo à formação de "uma coligação internacional mais eficaz contra a rebelião e o terrorismo na Nigéria e nos países vizinhos."
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