quarta-feira, 27 de junho de 2012

Tensão em São Paulo: Ataques seguem sem trégua

Mais um dia de ataques em São Paulo

SP: moradores acusam policiais de fazer toque de recolher; PM nega

Após uma noite de terça-feira violenta em São Paulo, quando quatro ônibus foram queimados por criminosos, a Polícia Militar intensificou o patrulhamento nas regiões mais perigosas. Nos bairros Jardim Savério e Parque Bristol, perto de onde um coletivo também foi queimado, no Sacomã, PMs passaram a madrugada circulando pelas ruas. No entanto, moradores denunciam que após às 22h os policiais realizaram um toque de recolher, inclusive com uso de fogo.

De acordo com o 46º Batalhão de Polícia Militar, o que aconteceu foi o contrário. Bandidos teriam ligado para comerciantes e escolas avisando para que eles fechassem as portas, pois iriam realizar atos de vandalismo. Os comerciantes, então, teriam denunciado o fato à PM, que levou um maior policiamento na região.

A Associação de Moradores da Vila da Paz denunciou um suposto abuso dos PMs em seu site. "Hoje o toque de recolher não é mais só para moradores do Parque Bristol e Jardim São Savério, mas sim para toda a região do Ipiranga. As escolas já dispensaram seus alunos, os ônibus estão neste momento sendo recolhidos às garagens." A companhia Via Sul, responsável pelo transporte nos bairros, afirma que os ônibus circulam normalmente. (Atualização Sempre Guerra: Via Sul já retirou os ônibus das ruas...)

Pelas redes sociais, moradores se manifestaram contra a atuação da PM. No Twitter, foram várias as mensagens. O usuário @LucasPFMama9139 denuncia: "fizeram toque de recolher no Parque Bristol. Até atearam fogo em um comércio". O internauta @AnonManifest alerta que a "Polícia Militar está invadindo as vielas da favela do Parque Bristol e Jardim São Savério". No Facebook, Cati Furlan disse que sua mãe a ligou "desesperada para eu não sair de casa".


A empresa de transporte ViaSul, que atende a cidade de São Paulo, informou que está recolhendo os ônibus de todas as suas linhas desde as 20h desta quarta-feira. O motivo alegado pela companhia seria a série de ataques a coletivos registrados nos últimos dias. A ViaSul opera na região sudeste e, ainda, em alguns bairros das regiões sul e leste da capital paulista.
Desde a noite de terça-feira, ao menos nove ônibus foram queimados por criminosos em São Paulo. A Polícia Militar não soube informar se os ataques foram realizados por um mesmo grupo. A onda de violência tem levado os moradores a temer um novo ataque orquestrado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Além dos ônibus incendiados, pelo menos sete policiais militares morreram desde o dia 12 de junho na capital do Estado. A Secretaria de Segurança nega qualquer tipo de coordenação nos crimes.

Um ônibus foi incendiado na rua Américo Trufelli, em Ferraz de Vasconcelos, município da Grande São Paulo. De acordo com moradores, o fogo já atingiu a fiação elétrica. Policiais do 3ª Companhia do 32º Batalhão da Polícia Militar estão no local junto com o Corpo de Bombeiros da região.

Três ônibus foram queimados na noite desta terça-feira (26) na capital paulista — dois no Tremembé (zona norte) e um em Sacomã (zona sul). Mais uma vez os criminosos seguiram os mesmos procedimentos de outros ataques. Eles param os veículos, ordenam que todos descessem e colocaram fogo. Em seguida, todos fugiram antes da chegada da polícia. Ninguém que tenha participado dos incêndios foi preso pela polícia até o momento.

A Polícia Militar prendeu nesta quarta-feira mais um suspeito de participar dos recentes assassinatos de policiais no Estado. Segundo a PM, Charles Donato Mendes, o Tartaruga, é integrante da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), avisou, nesta quarta-feira (27), que se os criminosos enfrentarem a policia irão “levar a pior”. 
Alckmin se referiu aos ataques contra policiais militares e bases da corporação registrados nos últimos dias. Só neste ano, 40 PMs foram assassinados fora do horário de trabalho na capital e na região metropolitana. O número é quase o total acumulado nos 12 meses de 2011, quando 47 PMs foram mortos. De quarta-feira (20) até segunda-feira (25), foram seis casos.

TODOS OS ATAQUES:

Segue um resumo dos ataques até o presente momento:

11 ônibus incendiados (Contados pela equipe Sempre Guerra, não oficial)
1 ônibus foi incendiado em Ferraz de Vasconcelos/SP, quarta (27)
Mais 2 ônibus foram incendiados em Tremembé, São Paulo, Terça e Quarta (26-27)
1 ônibus queimado em Sacomã, São Paulo, Quarta (27)
1 ônibus foi incendiado em bairro do Tremembé, zona norte paulistana nesta terça (26).
1 ônibus foi incendiado no Jardim Santa Emília, zona sul de São Paulo nesta terça (26).
Outro veículo foi incendiado no no Jardim Tietê, zona leste de São Paulo na segunda (25).
Mais dois foram em São Vicente (litoral) neste fim de semana.
1 ônibus incendiado em Guarulhos.
e 1 ônibus foi incendiado em Diadema, também no fim de semana.
OBS: Este número não conta os 7 carros incendiados neste período. Segundo a polícia, os carros incendiados não foram atentados.

2 Bases Atacadas:
Ameaça de bomba ao 1º DP de Carapicuíba;
Ataque a DP da PM em Itaquera, Zona Leste de São Paulo;
Ataque a DP da PM em São Mateus, Zona Leste de São Paulo;
Tentativa de Ataque a Base da PM em Diadema, com um carro em chamas.

POLICIAIS MORTOS NOS ÚLTIMOS DIAS:
Valdir Inocêncio dos Santos, 39: na porta de casa, em Guaianazes (zona leste), no dia 13. Foi atingido por 20 tiros
Domingos Antônio Aparecido Siqueira, 43: no dia 17, também na porta de casa, na frente de mulher e filha. Em São Mateus (zona leste)
Vaner Dias, 44: na quarta, em uma academia onde era instrutor de lutas, na Vila Formosa (zona leste)
Paulo César Lopes Carvalho, 40: em mercado no Jd. Bento Novo (zona sul), na quinta. Ele reagiu; um criminoso também morreu
Osmar Santos Ferreira, 31: anteontem; teve a moto atingida por carro no Jardim Edda (zona sul); os criminosos desceram do veículo e atiraram
Joaquim Cabral de Carvalho, 45: em Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo), ontem.

Fonte: Folha



Um comentário:

  1. Em 2006 o governo de São Paulo teve a grande chance de extirpar o PCC do Estado, mas preferiu "negociar" a trégua com os bandidos. Agora eles simplesmente fazem o que querem! Dominam todas as regiões da periferia e comandam 100% dos presídios do Estado, determinando, inclusive, "mensalidades" ao "partido". Graças a uma mídia vendida e alinhada ao PSDB, pouco se comenta de tais ataques no noticiário de SP.

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