Guerras se espalhando...
A capital da Costa do Marfim foi palco de violentos confrontos entre simpatizantes de Alassane Ouattara - reconhecido internacionalmente como o vencedor do pleito presidencial de novembro passado - e tropas fieis ao líder do governo marfinense, Laurent Gbagbo, neste sábado.
Foi o terceiro dia de combates entre os grupos rivais, que disputam o controle do palácio presidencial. O paradeiro de Gbagbo é desconhecido. No oeste da Costa do Marfim, em Duekoue, pelo menos 800 pessoas teriam sido mortas na última semana.
Na capital, testemunhas afirmam ter ouvido tiroteios pesados e bombardeios no centro da cidade, onde os grupos rivais disputam a base militar de Agban. No entanto, pouco se sabe sobre a situação na cidade. Há informações até de que os soldados que guarnecem a base estariam lutando entre si.
O controle da televisão estatal, RTI, parece ter sido recuperado pelos simpatizantes de Gbagbo. O canal levou ao ar um comunicado lido por um soldado, ao lado de dezenas de integrantes das Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Gbagbo, no qual ele convocava tropas de todo o país a defender as instituições do Estado.
Convocação de tropas
"As FDS, no sentido de reafirmar a sua determinação e garantir o seu dever soberano de proteger o povo, a propriedade e as instituições da República da Costa do Marfim", diz a nota, convoca "todo o pessoal das Forças Armadas" a se juntar às cinco unidades baseadas em Abidjan.
Na sexta-feira, os Estados Unidos fizeram um apelo para que o presidente Laurent Gbagbo deixe imediatamente o poder, de modo a evitar o agravamento da situação no país. "Nos preocupamos com a violência atual e pedimos para que Gbagbo deixe o poder imediatamente", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano Mark Toner.
Toner também fez um apelo para que os militares estrangeiros já presentes na Costa do Marfim ajudem a manter a ordem. "Pedimos para que a Unoci (missão da ONU na Costa do Marfim), as tropas da ONU e as francesas adotem todas as medidas para a proteção de civis e impeçam qualquer saques", disse ele.
Forças francesas dizem que levaram 500 estrangeiros, inclusive 150 franceses, para um campo militar após terem sido ameaçados por saqueadores em Abidjan.
Apoio
Tropas da ONU e francesas controlam o aeroporto da cidade. Acredita-se que as forças de Outtara controlem 80% do país. Muitos militares trocaram de lado e passaram a apoiar o presidente reconhecido. Gbagbo, porém, ainda teria o apoio da Guarda Republicana, das forças especiais e de milícias armadas.
Vários organismos internacionais já pediram que Gbagbo deixe poder, incluindo a ONU, a Ecowas, o bloco das nações do oeste da África e a França. Desde que a crise começou na Costa do Marfim, a violência forçou o deslocamento de 1 milhão de pessoas e levou à morte de ao menos 473 marfinenses, segundo a ONU.
Fonte: Terra
ATUALIZAÇÃO: Segundo a CNN, a Cruz vermelha fala em 800 mortes somente Duékoué, cidade produtora de Cacau, na Costa do Marfim.
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