Um comboio russo com alimentos, água e outros suprimentos partiu nesta terça-feira para o leste da Ucrânia, onde forças do governo estão fechando o cerco contra rebeldes separatistas, mas Kiev disse que não vai permitir que os veículos cruzem para seu território.
Kiev e governos ocidentais alertaram Moscou contra qualquer tentativa de transformar a operação em uma intervenção militar mascarada, em uma região que enfrenta uma crise humanitária após quatro meses de guerra.
“Esta carga será transferido para outros veículos de transporte (na fronteira) pela Cruz Vermelha”, disse o assessor presidencial ucraniano Valery Chaly.
“Nós não vamos permitir nenhuma escolta do Ministério de Emergências da Rússia ou de militares (em território ucraniano). Tudo estará sob controle ucraniano”, disse ele a jornalistas.
A imprensa russa disse que o comboio de 280 caminhões partiu de uma região perto de Moscou e que agora levaria alguns dias para percorrer os 1.000 quilômetros até a região leste da Ucrânia, onde combatentes rebeldes buscam aderir à Rússia.
Países ocidentais acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, que tem inflamado o fervor nacionalista na Rússia através da mídia estatal desde que anexou a região ucraniana da Crimeia ao território russo, em março, pode realizar novas ações, agora que separatistas do principal foco de resistência, Donetsk, estão cercados por forças do governo de Kiev.
A televisão Rossiya 24 mostrou uma fila de contêineres e caminhões de três quilômetros, carregados com garrafas de água e sacos de suprimentos.
Os governos dos EUA, da França e da Austrália expressaram preocupação de que a Rússia -único apoiador internacional dos rebeldes no leste da Ucrânia, região de língua russa- possa utilizar as entregas humanitárias para realizar uma operação secreta para ajudar os combatentes separatistas, que parecem estar perto de uma derrota.
Após a Ucrânia relatar que a Rússia reuniu 45 mil soldados em sua fronteira, a Otan disse na segunda-feira que havia uma “alta probabilidade” de que Moscou possa intervir militarmente na Ucrânia.
A agência de notícias Itar-Tass disse que o comboio carregava 2 mil toneladas de ajuda humanitária. Entre os suprimentos havia 400 toneladas de cereal, 100 toneladas de açúcar, 62 toneladas de alimentos para bebês, 54 toneladas de equipamentos médicos e remédios, 12 mil sacos de dormir e 69 geradores de vários tamanhos.
Milhares de pessoas sofrem racionamento de água, eletricidade e ajuda médica em Dontsk e na cidade fronteiriça de Luhansk por causa do conflito, que envolve ataques aéreos e com mísseis.
Agências da ONU dizem que bem mais de 1.000 pessoas foram mortas, incluindo forças do governo, rebeldes e civis, no conflito, em que um avião da Malásia foi abatido por engano em 17 de julho, com a morte de 298 pessoas a bordo.
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