Nova Guerra Fria

terça-feira, 19 de agosto de 2014

PARA EVITAR TERCEIRA GUERRA MUNDIAL NÃO PODE HAVER GLOBALIZAÇÃO DE CONFLITOS

Nesta última semana, o mundo está recordando os 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial, guerra esta que até à eclosão da Segunda Guerra Mundial foi chamada de Grande Guerra ou Guerra das Guerras. O professor de História da Universidade de São Paulo (USP) Angelo Segrillo comentou as razões que provocaram a deflagração deste conflito mundial.

Leia e ouça a entrevista completa no site VOZ DA RÚSSIA neste link:

Trecho da entrevista:

– O senhor disse que no final da Primeira Guerra Mundial não se imaginaria que um novo conflito viesse ocorrer. A primeira guerra terminou com o balanço trágico de dois milhões de mortos, centenas de milhões de feridos e milhões de traumatizados pelo conflito, mas 21 anos depois surgiu a Segunda Guerra Mundial com proporções ainda maiores. Eu lhe pergunto diante dos acontecimentos que o mundo está vivendo atualmente, essa troca de acusações entre a Rússia e a Ucrânia e que também envolve os Estados Unidos e a União Europeia, os acontecimentos no Oriente Médio e em vários países da África: estaremos no limiar de um terceiro conflito mundial?

– Nós estamos celebrando o aniversário da Primeira Guerra Mundial porque uma das grandes lições desse conflito é que nós temos que tomar muito cuidado para que um conflito localizado não se torne um conflito generalizado e muito menos um conflito mundial, como aconteceu com a Primeira Guerra Mundial, por causa das alianças e rivalidades que havia. Por exemplo, pegamos a questão da Ucrânia, que é um conflito mais ou menos localizado entre um país menor como a Ucrânia (como era a Sérvia na época) e um país maior, uma Rússia.

– Já não existem conflitos meramente regionais, todos os conflitos se globalizam.

– E nós temos esse fato não tão inédito ou novo que é a globalização. Algumas pessoas dizem que a globalização é uma coisa das últimas décadas do século XX.

– Mas é um fato inerente à história da humanidade.

– Sim, e este processo se acelera cada vez mais. E isso aumenta também os riscos. E a gente deve tomar as lições da Primeira Guerra Mundial e evitar que conflitos e disputas localizadas se generalizem. O sistema de alianças é apontado por todos os pesquisadores como uma das causas da Primeira Guerra Mundial. E nós ainda estamos vivendo um sistema de alianças. A OTAN, que é uma aliança militar, ainda existe.

– É uma consequência da Segunda Guerra Mundial.

– E como a OTAN é uma aliança militar da época da Guerra Fria, da disputa entre duas superpotências que se diziam antagônicas, lógico que a aliança perderia o seu sentido depois de acabada a Guerra Fria. Mas o que nós vemos é o contrário: a OTAN não diminuiu, não se extinguiu, como se era de esperar, mas se ampliou. E isso é uma coisa perigosa. Nós temos que tomar cuidado com o sistema de alianças porque as lições da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais mostram que é um mecanismo perigoso.

– E aí entra em cena a ONU que deve exercer o seu papel de conciliador e pacificador para que cessem esses conflitos em qualquer parte do mundo.

– Exatamente, o ideal seria que não vivêssemos esse sistema de alianças – militares, principalmente, – parciais. E que tivéssemos uma entidade mundial de caráter democrático em que as disputas pudessem ser levadas e resolvidas na base de negociação.

2 comentários:

  1. A guerra mundial irá acontecer, mais cedo ou mais tarde, por recursos naturais ou religiosa. O que me preocupa é qual lado o Brasil estará, já que somos membros do BRICS, e temos um comercio com a Rússia em ascensão, devido aos bloqueios impostos pelo EUA e UE. Será que nosso militares concordariam com um apoio a Rússia? A Venezuela já começou a compra de equipamentos militares russos. E nós teremos apoio americano? Acredito que teremos uma grande indecisão interna.

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