Nova Guerra Fria

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

25 de Agosto: Dia do Soldado




 Publicado no “Jornal do Comércio de Porto Alegre”

Autor: Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior


O ALERTA DO DIA DO SOLDADO

Nada contra negociar caças, helicópteros e submarinos com a França ou outro país qualquer. Afinal de contas, não produzimos nada mesmo em termos de armamento convencional que seja capaz de fazer frente ao aparato bélico, de última geração, dos atores com potencial para representar alguma ameaça ao País, o que nos impede tiranicamente de partir do zero.

Todavia, os invejáveis recursos naturais do País: riquezas minerais, mananciais hídricos, energéticos, flora, fauna, biodiversidade enfim aí estão, esbanjando fartura sem par, incomensurável mesmo, em um mundo cada vez mais carente, sem que disponhamos das mínimas condições de seu repasse incólume para as novas gerações de brasileiros.

Que não se duvide, os caprichos dos cinco grandes encastelados no Conselho de Segurança da ONU são cada vez mais imprevisíveis. Uma tendência natural, entretanto, já está a se delinear, não escapando à percepção do observador mais arguto. Um desiderato acomodatício está envolvendo o grupelho de poderosos, ganhando contornos de um “colegiado ditatorial” de molde a mantê-los, de comum acordo, ad eternum, impondo as regras do jogo.

Governantes, políticos, intelectuais, o povo deste País como um todo, porém, ainda não se deu conta de que os butins para o regalo daquele “quinteto de leviatãs” são os pisados pelos nossos pés! Ninguém ainda atinou que necessitamos, para ontem, de um poder de dissuasão definitivo e imediato. As impertinências do tão propalado “eixo do mal” não são nada se comparadas à mortandade das duas guerras do Iraque e a do Afeganistão. Afinal de contas, quem matou mais até agora, Bush ou Sadam, Barak ou Ahmadinejad?

Deve ser dito, só a 4ª Frota/USA: dispõe de 60 helicópteros e queremos negociar 50 com os franceses; conta com mais de 100 caças em seus porta-aviões e se pretende adquirir 36 na mesma fonte. Em sendo assim, a única arma capaz de evitar desatinos por parte da “santa aliança” é um artefato bélico definitivo, por mais rudimentar que seja, com capacidade para desencorajar a concentração de forças de uma “coalizão de soldados universais imbuídos de desígnios humanitários e em nome da tão invocada comunidade de internacional”. A Coréia do Norte sabe disso e o Irã está correndo atrás, só o Brasil continua “dormindo em berço esplêndido”.

Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior

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